21/07/08

Lume

Corro perplexo, prometido das lendas
E dos tabus,
Das histórias da montanha desenhadas nas fendas
E dos preconceitos e certezas
De quem corre com os cotovelos nus.
Corro disperso,
Cortês para com a mente que trabalha,
Sozinha à luz da vela e ao som da navalha.
Não há voz nem melodia, apenas...
Um vociferar confortável que me chega da esquerda,
Junto à janela.
Cerveja e mortalhas...
E o fumo diletante que foge para aquela esquerda.
Enquanto Waits berra baixinho,
O piano sossegado pela cortesia
E o branco desmaiado do cubículo
Sussurram... para não afectarem a cegueira
E o sorriso mudo de quem bate no teclado.
A cabeça tomba para trás
E para a frente
Ao ritmo infernal, quase abdominal,
Rasgando as entranhas do homem
Oferecendo o poeta que, agora,
Nada mais exige.
O formigueiro das aventuras de papel
Espreita, curioso, as escalas intermináveis
Dos dedos que não se cansam,
Das ideias que não amansam.. e fogem,
Debaixo dos olhares turvos,
Pelo buraco da fechadura da porta da rua.
Corro imerso, disperso, perplexo,
Afogado no caudal da minha droga perfeita:
O bater de mim próprio
Que enche e quase rebenta..
Força Tom, dá-me lume!!

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