21/07/08

Lembro-me do Porto

As ruas eram tão longas,
As minhas pernas tão pequenas..
Revivo saudoso os muros gigantescos ao fundo da rua,
escorregadios e inultrapassáveis,
que aprendi, à custa dos meus minúsculos joelhos,
a conquistar.
E o cheiro a ar húmido-quente
nas noites frias de Inverno,
cachecóis compridos e bóinas submundistas,
paisagens de gabardines compridas flutuavam rente ao chão;
e os edifícios lúgubres e rendilhados afagados por ruas de luz ténue,
de roupagens côr de pedra escura, confortável ao toque,
companheiros gigantes e silenciosos da melancolia mal-interpretada.
Às vezes lembro-me da Avenida,
arena de correrias e habilidades,
conversas do mundo e encontros suspeitos sem veleidades,
com as suas faces e figuras alegóricas esculpidas ao alto
guardas mudos do que se passava todos os dias lá em baixo,
espreitando sorrateiramente os transeuntes
da beirada dos seus postos de cinco e seis andares.
E os candeeiros solitários que davam a sensação de falarem,
penteados de amarelo-torrado, que me sossegavam,
quando por ali passava sozinho.
E recordo, ainda hoje,
a chuva, que não me cansa,
que me sussurrava, indiferente ao burburinho,
-Vem, corre através dos meus braços e dança!

1 comentário:

Anónimo disse...

Passei por aqui só para comentar! E calha bem, pois se há coisa que eu gosto é de comentar!
Não te conheço muito bem, ou melhor, não te conheço de lado nenhum! Mas ainda bem que escreveste acerca de um assunto que nos liga e aproxima de certa forma (que é para eu ter algo a dizer!), esta cidade que nos alegra e entristece, que nos revitaliza e quantas vezes desencoraja, que nos inspira, apaixona e comove...E que nos distingue, quer se goste quer não...Porto!
A cidade que nos viu crescer e que cresceu connosco dá abrigo especial aos boémios...ela agradece e exulta o teu regresso a casa!

 
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