21/07/08

Escrevo sem poder parar

Sou profeta, sou rei,
Sou estéril e cru,
Senhor de coisa nenhuma e de certezas encontro-me nú.
Acordem os viajantes e as dançarinas do ventre,
festejem-se os momentos na mais secreta altivez,
assombrem-se os coríntios que a guerra acordou,
e o fim do mastigar apressa-se a chegar.
Pertenço ao covil dos salteadores,
morada desconhecida de vilões e de galanteadores,
reconheço nos meus sentidos a leitura atabalhoada
e a aventura dos que amam sem saber como os seus amores,
o desassossego primitivo e o fogo tenso que agarra, que amarra,
e a surpresa que vê, surpreendida por observar.
Descubro a paz na mais incerta das inquietações
no cerrar da noite, debaixo dos candeeiros de bambú paralelos,
no acordar e no sentir da tristeza e do riso mudo
enquanto escrevo sem parar, sem pestanejar, sem ordem para parar!
As lágrimas e o sangue misturam-se nas palavras,
e na doce melodia que arrebata este momento
de vida em pleno fulgor
enquanto escrevo sem parar, sem pestanejar, sem ordem para parar!

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