24/11/08

Carta aos meus pais

Queridos progenitores,
Saí de Munique há quatro minutos. A experiência germânica chega ao fim após alguns dias de choques e convulsöes, para näo dizer mesmo confrontos, entre ideias e certezas antigas e descobertas novas.
Incluo nestas "guerras" os afrontamentos culturais e os desentendimentos pessoais. Sinais claros da mudanca que me percorre a todas as horas, a todos os minutos.
Munique revelou-se... crua!
Sem os condimentos necessários para um regresso guloso, sem aperitivos que me agarrem a curiosidade pelo prato principal e, sobretudo, despojada de delícias especiais excepto, talvez, no que toca às diferencas culturais e ao diminuto uso do "sal" no dia a dia. Sim, o sal. É difícil para mim conviver com a falta de sal. O exagero maquinal e a premeditacäo dos movimentos bávaros näo casa de uma forma feliz com a minha impulsividade. Cada vez os compreendo melhor, a eles e às razöes dos seus sucessos e às causas dos seus conflitos. Senti-me fora de moda e contente por isso. Acabou por ser, essencialmente, uma estadia de auto-descoberta e choques. Muitos choques. Trago na mala algumas recordacöes de bons momentos, de conversas profundas, de bons vinhos e um casaco quente regatado em segunda mäo por uns quantos euros, que, para os lados onde vou, o frio corta com a faca afiada.
Parto, assim, para Salzburg ansioso por algo novo no meu caminho e feliz por partir. Ainda näo sei ao certo ao que vou e o que se seguirá, mas (como diz o outro) é por aí que vou.
Agora estou cansado. A mala pesa tanto como os pálpebras dos olhos. Vou dormir com a certeza de que, mais tarde, poderei acrescentar mais umas apreciacöes que acabem, também elas, por colocar nesta minha breve descricäo de Munique um pouco mais de sal.
Beijäo

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