16/11/08

O meu quarto em Tours era pequeno.
E utilmente despido de objectos supérfluos. uma cadeira, uma mesa, um lavatório quase medieval e uma cama curta a fazer lembrar uma maca de hospital em tempo de guerra. Fiz-me ao "lar" e despi-me de preconceitos. Afinal, nessa noite, seria a minha casa. Era humilde e agradável.
Depois de algum tempo para me afeicoar ao meu cantinho, dirigi-me à cozinha. Encontrei dezenas de mantimentos esquecidos em cima de uma prateleira bem artilhada de metal, provavelmente esquecidos ou lá abandonados de propósito, sem prazos de validade, devo acrescentar, por outros tantos viajantes, anteriores a mim, que por ali passaram e pernoitaram. Näo me fiz de rogado. Arroz de lentilhas verdes esquecidas seria o menu para essa noite.
Meia hora depois e o meu manjar celeste apresentava-se verdadeiramente intragável. Sorri perante o desastre. Nisto, uma australiana, da qual näo recordo o nome, entrou cozinha adentro e, com um sorriso quase maternal, ofereceu-me o resto da sua massada de tomate. Aceitei prontamente e partilhei com ela, um inglês e um venezuelano uma garrafa de tinto de Bordéus. Foi noite de póquer. Cartada atrás de cartada (nunca havia gostado muito antes) e copo atrás de copo... ...

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