21/11/08

Uma noite inteira... Uma noite inteira de solavancos, dores de costas, ressonares alheios, paragens de quinze minutos, troca de histórias, bolachas e batatas fritas...
O nosso transporte chegou a Estugarda. Säo sete horas da manhä. As ruas e os telhados das casas estäo brancos de neve. Sobe-se-me um arrepio agudo pela espinha ao mesmo tempo que se me aquece a alma com a imagem que os meus olhos roubam às janelas do autocarro.
É aqui que Lucy e eu nos separamos. Foram horas, muitos minutos, de uma companhia extremamente agradável e assustadoramente leve. Precipitei-me para a saída de um salto, mal o autocarro parou. Um cigarro. Rapidamente, procuro no bolso esquerdo das calcas a minha bolsa de pele onde guardo o tabaco. Fito-a orgulhoso da minha obra... E, num ápice, um ápice deveras frio, enrolo o meu cigarro. Daqueles que sabem bem porque esperaram algumas seis horas para serem consumidos. A Lucy saiu atrás de mim. Enquanto acabo de enrolar o meu cigarro, despeco-me dela e trocamos referências juntamente com a promessa de envio das fotografias que tirámos na estacäo de autocarros de Paris. Despedimo-nos à portuguesa, dois beijos na face.
Alguns momentos depois, surgiu a causa da sua excitacäo e ansiedade nas últimas duas horas de viagem - Max. Um alemäo com um ar saudoso e simpático abraca-a, ambos choram e perdem-se num beijo longo e terno.
Deve ser bom esperar por alguém que faz 1500 Kilómetros de autocarro para vir ter connosco, para acalmar as saudades e embalar o sentimento. Entrei para o autocarro novamente. Hora de partir. Com um gesto brusco apaguei o meio cigarro fumado à pressa e olhei pela última vez Para Lucy e Max. Senti algo estranho invadir-me. Descobri, no canto mais fechado do meu olho esquerdo, uma lágrima.
Levantei-me do meu lugar, já o autocarro dava a volta à pequena praca cinzenta coberta de geada e de árvores sem folhas, e fui ter com Stefane. O cigano tinha, finalmente, nome. Pedi-lhe a garrafa de Rum escuro. Três goladas para aquecer um pouco mais a alma. Sentei-me novamente e fiquei a ver nevar à medida que a praca desaparecia... O sono näo tardaria a bater à porta.

Sem comentários:

 
Free Stats Hit Counter Web Analytics