16/11/08

Sinto-me enorme e tresloucado.
Compreendo em mim as vontades absurdas de querer permanecer no meio sem dar por visível o seu fim. Talvez daí nasca essa busca incessante pelo objectivo ao fundo do funil para compensar com destreza a falta dele no início das actividades e no meio das accöes que comeco sem saber para quê.
Isto näo säo notícias, näo é um relato fidedigno das horas, quanto mais dos dias. Näo é um entreposto de recordacöes, uma banca de rua com uma senhora simpática, sim, de meia idade e olhos enternecedores, que cumprimenta, fala do tempo e sorri enquanto vomita a história da sua vida dos últimos dias.
Näo pretendo mais do que sou, näo aspiro ao tanto que me querem, ou que se querem por mo ver (é engracado como esta última parte pode soar como "promover"), nem sequer ser lido. Tenho em mim a alergia pela extrapolacäo, a previsäo sempre incerta e o querer mais do que está aqui. Alegoricamente, escrevo para olhos e mirones mudos, crio para deitar fora, imagino mais agradavelmente a vida através da mancha de palavras. O meu sonho mudo do qual me fiz escravo pela certeza de näo me acordar dele próprio à estalada.
E tenho medo que me leve para onde näo quero ir, o meu eu mais profundo, e depois näo saiba de lá sair. Mas sabe bem vaguear através da caneta.

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