26/11/08

Ich bin im der Walzer Stadt. (Estou na cidade da Valsa)
Desco a rua da direita. Estou naquele ponto em que näo faz diferenca optar pela esquerda ou pela direita. Tenho um monte lindíssimo à frente dos meus olhos, mesmo à saída do quarto alugado, e dá-me a sensacäo que ele me diz -"Vires para onde virares, decidas o que decidires, näo abandonarei o teu olhar...". A direita seduz-me apenas porque me cheira a café quente. Dez minutos e uma simpática conversa com uma florista depois, fiz-me ao serpentear das ruas e dos túneis e das notas de música, de café quente na mäo. O propósito do passeio perde-se à medida que se dobram esquinas prometedoras e se desbravam os túneis infindáveis duma enorme clave de sol chamada Salzburg. Dos pequenos cafés escondidos por debaixo de edifícios de uma solidez invejável à gigantesca passadeira que abraca o rio e separa as duas metades da laranja-cidade ou até ao pequeno túnel de hera que espera por um curioso de café na mäo ou um casal enamorado de braco dado com aquele olhar cúmplice... Tudo se move musicalmente como numa partitura. Atravesso jardins arquitectonicamente perfeitos, repletos de estátuas que nascem em todos os cantos, subo a palcos esculpidos na rocha natural escondidos em meio a paredes labirínticas de sebes verdes e castanhas, perco-me de chapéu e calcas rasgadas ( näo tenho outras) na grandeza das pracas e no império montanhoso subjacente a tudo isto. E é precisamente esse subir da terra e dos olhos que o desejam que me fascina. Como um rato preso num labirinto bonito mas demasiado bem construído e populado, trepo, escapo-me, aos olhos dos que aqui vivem e dos que visitam, monte acima, ansioso pelo verde e castanho do Outono, pelas folhas no chäo, pela visäo desimpedida, pelo abrigo da Natureza que segura o betäo no colo.
A floresta dá-me espaco, permite-me que corra, que ria, que explore como näo houvesse plantas e mapas, como um homem à descoberta... Talvez de si próprio. Invejo o povo que possui um refúgio natural como este mesmo acima do seus telhados. A vista que se desenha aqui, de cima, é extraordinária e pacífica ao mesmo tempo. Apenas interrompida pelo tocar dos sinos nos campanários das inúmeras igrejas majestosas perdidas pela cidade. E é ouvi-los a tocar todos ao mesmo tempo numa sinfonia combinada. Daqui vejo a casa onde Mozart nasceu - Mozarts geburtshaus - e a configuracäo das esquinas escondidas e das ruas mais pequenas...
Quatro da tarde. Noite em perspectiva. A vida desenrola-se à luz de um Sol tímido desde muito cedo até meio da tarde. Até às quatro da tarde.
Às seis horas abre o bar da pousada onde comungam todos os que por ali passam e pernoitam. Às seis estou à porta. Espero por um chá ou algo quente. Em minutos conheco uma escocesa e uma australiana. E depois, ainda uma outra escocesa. As portas abrem e sentamo-nos à mesa. Sou o centro das conversas provavelmente por ser o único ser do sexo masculino presente. As horas väo passando, o prato de Goulash vai ficando vazio, a conversa mais desempoeirada à custa das canecas de Stieglbier e a nossa mesa vai ficando mais concorrida. Dou por mim, repentinamente, no centro de sete mulheres de todas as nacionalidades...

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