28/11/08

Säo oito horas da manhä. Hoje näo fui obrigado a limpar a entrada da casa onde estou. Desde o último tijolo dos campanários até ao mais recôndito väo de rocha, tudo está coberto de neve. A noite deu à luz a côr mais alva que se possa imaginar. Por todo o lado. Porém, por um qualquer milagre (ou devido a um vizinho mais madrugador) a entrada está relativamente limpa. Um relativamente mais do que suficiente, uma vez que, por estas bandas, o único que usa botas que escorregam no gelo sou só mesmo eu.
Umas quantas patinadelas, que de artístico só mesmo os meus graciosos movimentos para näo me estatelar no chäo - sou um pinguim com patins de rodinhas - e eis que, finalmente, chego ao café mais movimentado da zona (hora dos pequenos-almocos), säo e salvo. O exército de gorros azuis, vermelhos, brancos, às bolinhas e às riscas e afins dispöe-se em fileiras cerradas distribuídas pelas mesas acabadas de limpar e contrasta directamente com o meu chapéu castanho de abas largas. Sento-me rapidamente no único lugar livre antes que desapareca, aquele do cantinho que estava à minha espera.
Surge-me a primeira prova matinal. A senhora do café aproxima-se, mäo à cintura, languidamentem, e vocifera algo num dialecto austro-germânico quase imperceptível, näo fosse o tom de pergunta e o ponto de interrogacäo no final da frase (no seu grande baläo de fala). Sorrio. Ela sorri. Eu sorrio outra vez. Está tudo muito bem mas näo é certamente isto que me vai trazer o café da manhä à mesa.
- Ein klein Expresso bitte!
Ela sorri novamente. Desta vez näo compreendo o porquê. Tenho quase a certeza de ter feito o pedido correctamente.
Nem dois minutos depois, o pequeno expresso chegava à minha mesa. A pontualidade é, aqui, um dos esteios da vida social. Até o café sai a horas! A senhora aproxima-se da mesa e, sorrindo uma outra vez, diz algo que näo compreendo. Agradeco amavelmente o que quer que fosse.
Podia jurar que a língua germânica que tenho ouvido é constantemente polvilhada por inúmeras onomatopeias. Dir-se-ia que grande parte dos vocábulos utilizados isoladamente näo têm significado algum excepto para a situacäo específica em que säo ditos.
Eu sei, säo oito horas da manhä. Näo obstante esse facto, podia mesmo jurar que quando me poisou o café na mesa acabada de limpar, a senhora disse - Ding! Nem mais nem menos. Ding. Apeteceu-me responder, para mostrar quäo desenrascado sou, mas näo me atrevi. Arriscavamo-nos a parecer duas campaínhas.
Imagine-se, logo de manhä cedo, umdiálogo assim: -Etwas ding?
-Ein Klein Expresso bitte.
-Bitte, ding.
-Dankeschön, ding, ding!
Decididamente, a língua germânica surpreende-me. Já para näo falar dos hábitos. Ao meu lado, uma senhora com 1 metro de largo regozija-se, também sorridente (acontece muito por aqui), com um repasto de croquetes, puré de batata e uma cerveja... Oito da manhä...
Um à parte: Domingo, Dimanche e todas as palavras latinas que servem para dar nome ao sétimo dia querem dizer algo como dia de Deus. Por aqui, Sonntag (domingo) serve para dignificar o dia do Sol.
Dois à parte: Na televisäo do MilchBar comecam as notícias. O pivot, sorridente também, expöe os primeiros acontecimentos damanhä de camisa com a gola desapertada e Kispo.

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